Singular ou plural

maio 19, 2010

No post anterior, sobre minimalismo, a Fernanda comentou que gosta muito “do contrapondo e do mix de estilos. Por que não ser clássica e punk ao mesmo tempo? Vale de tudo hoje em dia, é experimentar pra ver.” Não foi necessário pensar muito para ver que ela tem toda razão, pois a moda é democrática e permite que diversos estilos diferentes se mesclem em apenas uma pessoa.

Isso acontece não só por causa da oferta de moda — afinal, ela nos presenteia com mil coleções e mil lojas, cada qual com sua gama de opções, interpretações e direções a cada semestre — mas também é consequência das escolhas pessoais de cada um, que caracterizam o tal estilo. Eu, entretanto, já não acredito na palavra estilo (principalmente o pessoal) flexionada no singular. 

‘Estilos’ soa melhor porque, como sabemos, a moda está globalizada. Agora, mais do que nunca, os hemisférios partilham as mesmas bases (leia-se tendências); o cada um faz com elas é do gosto de cada região e seus criadores, obviamente. O mesmo acontece com quem observa e consome moda: como disse acima, somos presenteados a cada estação, a cada coleção, a cada dia com várias referências diferentes, o que influencia a maneira de ver a moda de forma geral e, consequentemente, a moda de cada um. Não é necessário gostar de um estilo como um todo para ter vontade de usar uma peça que se encaixa nele. Por exemplo, mesmo não sendo fã de babados românticos, eles são uma boa maneira de neutralizar aquela saia de couro com tachas e zíperes que você comprou…

Infelizmente, tudo nesta vida tem seu ‘poréns’ — e com a moda não poderia ser diferente. Essa fusão de referências de diferentes lugares do globo também é, por assim dizer, tendência atual, o que acarreta alguns outros poréns, como a possível perda de identidade local e pessoal, e a falta de heterogeneidade na moda (nada cansa mais do que ver todo mundo se vestindo igual!). Mas isto é matéria para outro post…

Acredito que, hoje em dia, já não existe gostar apenas do estilo romântico, ou do estilo minimalista, ou do estilo x ou y. Há um estilo indefinido, sem nome — ou melhor, tem nome sim: estilo pessoal — que abarca todas as possibilidades vindas de diferentes estilos. É o meu caso: não consigo me definir apenas como amante de um estilo; o bom é passear e ver o que se adequa. E esse ‘estilo feito de estilos’ nada mais é do que consequência da própria pluralidade da moda.

Moda Minimalista

abril 8, 2010

Sendo a moda repleta de extremos e contradições, nada mais justo que uma resposta contrária aos excessos visuais causados pelos ombros marcados, brilhos, cores fortes e exageros em geral, tendências que fazem parte do revival dos anos 80. O outro lado da moeda, a moda minimalista, preza uma cartela de cores neutras, estética clean, e silhueta consciente, enxuta e perfeita — este último adjetivo dá-se graças à alfaiataria e suas linhas sofisticadas e arquitetônicas. Gosto da tendência porque, além de ser um exercício de bom senso, despe a roupa de todos os elementos extras e a trabalha em seus alicerces: as formas, o acabamento, a modelagem. 

O mininalismo é considerado a tendência mais inovadora e relevante das últimas temporadas, devido ao sucesso da coleção de verão 2010 de Phoebe Philo para a marca francesa Céline. Mas engana-se quem acha que esse movimento de “limpeza visual fashion” característico dos anos 90 está sendo revisitado apenas agora: desde 2005 e 2006 modelagens mais justas e peças que remetem a um estilo mais clássico vem aparecendo nas passarelas. Na última temporada, ela influenciou até as coleções de pre-fall de marcas como Chloé e Stella McCartney, lembram? 

Quem não tem afinidade com peças clássicas não precisa se preocupar: o minimalismo não é sinônimo de chatice. O mix entre as texturas das roupas, ou uma peça com silhueta ajustada em cores fortes, por exemplo, atualiza e deixa a produção mais interessante. Hits da temporada como saias em couro ou shorts de alfaiataria podem aliar-se não só às boas e velhas camisas brancas mas também às rendas, babados e cintura marcada, que dão o toque feminino e equilibram o mood mais sério. Mas lembre-se de deixar seu maxi colar e outros múltiplos acessórios em casa: afinal, para o lado minimalista da moda, less is always more.

Quer ler mais sobre o minimalismo nas últimas coleções? Cathy Horyn no NYT e Sarah Mower no Telegraph.

Pre-Fall 2010

fevereiro 5, 2010

Como se já não bastassem todas as coleções de moda apresentadas durante o ano, mais uma vem buscando seu lugar ao Sol desde 2008: o pre-fall. Como o nome em inglês explicita, o “pré-outono” é lançado após a coleção de verão, como uma transição entre as estações — e uma maneira de prever a coleção de inverno da marca. As roupas são mais comerciais, com menores preços e prontas para serem vendidas para lojas de departamento. Antes exclusividade de buyers e afins (como as coleções resort), o pre-fall tem crescido tanto que ao invés de apenas catálogos, certas marcas até montam desfiles para os novos lançamentos.

O pre-fall 2010 mostrou um outono com predominância de cores escuras, influências minimalistas e do estilo preppy ou militar — este último, tendência recorrente nas últimas estações. Cores fortes como laranja, amarelo e vermelho aparecem aliadas ao preto, cinza e camel; muitas sobreposições de outerwear (trenchs, coletes, blazers, ponchos); cortes estruturados; cintura alta e marcada; e sapatos pesados. O pre-fall transitou entre a silhueta enxuta das leggings e meias-calças (sempre ótima opção de styling) e a mais ampla, com pantalonas e peças boyfriend. No geral, tudo tem um ar bem refinado: 

Acima: o pre-fall masculinizado da Chloé, inspirado na Inglaterra rural; peças atemporais na Stella McCartney; e o outono militar à la Segunda Guerra de Christian Dior. Visitem o Style.com pra ver as outras ótimas coleções!